18 de agosto de 2004

FOGUEIRA DE VAIDADES

Desde que a corrida à fama começou, via televisão e lixo cor-de-rosa, que algumas pessoas (entre as quais, eu) têm vindo a alertar para as consequências deste movimento. Pegar em gente instável emocionalmente e transformá-las em "figuras públicas" é um processo manipulador e maldoso. Como o violador que elogia a vítima antes do ataque.
Os Bigs Brothers e a lógica Tvi (que alastrou à Sic e só não funciona tão bem com a RTP... porque nada funciona naquela casa) criaram pessoas artificialmente conhecidas, deram-lhe esperança e promessas de sucesso eterno.Depois, como era inevitável, cuspiram-nas, para fazerem o mesmo com outras e assim sucessivamente.
Hoje, dei por mim, a comprar o 24 HORAS, esse inominável pasquim, porque fazia capa com a loucura de Zé Maria. A ser verdade (o que só por si já seria um feito, nesta espécie de papéis de embrulhar o peixe), o primeiro vencedor (?) dos reality shows portugueses teria cedido à pressão inglória e, depois de uma tentativa de suicídio, fora internado dando sinais de loucura.
Ora isto é mais do que triste. Sobretudo porque, na minha opinião, ele será o primeiro de muitos. A corrida à glória fácil, por oposição à conquista pelo mérito, começa a mostrar a sua face. Não faltará muito para termos "tias-socialites" a encherem-se de comprimidos ao levarem com o mundo na cara, tendo apenas umas folhas impressas com fotos suas onde se agarrar.
Desejo sinceramente que sejam apenas dores de crescimento de um país adolescente.

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